Bordado de Guimarães

Toalha de mesa, pormenor
Século XX, 2º quartel


Porque Guimarães esta em destaque e em homenagem a todas as bordadeiras que ainda hoje continuam a contribuir com os seus trabalhos e a sua dedicação para a visibilidade, de um dos, bordados mais bonitos de Portugal. Deixo aqui um cheirinho do que podem também apreciar em Guimarães. 
O bordado de Guimarães é acima de tudo um produto de um território dito fértil em águas e em terras úberes para acolheram o cultivo do linho. A riqueza natural do território vimaranense vai ser um dos principais fatores que leva à fixação do homem e é esse homem que vai encontrar, na sua perícia e no seu engenho neste território, os meios fundamentais ao cultivo do linho e à feitura do pano.
O linho, é o suporte vulgarmente usado para criar o bordado de Guimarães. Ao linho em terras vimaranenses podemos apontar data longínqua (no foral concedido por D. Henrique a Guimarães, em 1096, este já aparece referido), o mesmo não podemos afirmar em relação ao bordado. Encontramos referências documentais a tecidos bordados existentes em terra vimaranense desde o século X, contudo só no final do século XIX, é que encontrarmos a primeira referência documental a bordados feitos em solo vimaranense.
O «bordado de Guimarães» parece só começar a ganhar alma e visibilidade no final do século XIX, início do século XX. É só nessa altura que se podem encontrar algumas referências as suas raízes.
O bordado de Guimarães entronca no que se designa hoje em dia por «bordado rico», ou isto é, um bordado executado a linha branca habitualmente sobre pano de linho cru e fino, por vezes de origem estrangeira, e no qual são aplicados diversos pontos minuciosa e delicadamente bordados por mãos bem treinadas. O termo «bordado rico» é utilizado ainda atualmente pelas bordadeiras vimaranenses, querendo com ele fazer a diferença entre o bordado atrás descrito – o «bordado rico», e o bordado popular, executado normalmente pelo povo e para o povo. Este «bordado rico» português, fazia-se e usava-se em todo o País, possivelmente com sentidas influências dos bordados de outros países europeus.
Na altura podia destingir-se entre o bordado rico e o bordado popular, executado por senhoras vimaranenses e destinado a ornamentar principalmente roupa de cama e roupa interior, esse bordado rico esteve presente na Exposição Industrial de Guimarães, que decorreu na cidade, decorria o ano de 1884.

 Colete de «rabos» de mulher  / Camisa de homem
 Século XX, 1º quartel  / Século XX, 1º quartel


Na exposição não foram expostas peças usadas pelo povo tais como: a camisa do lavrador, a camisa e o colete de «rabichos» (também designados «rabos») da lavradeira. Apareceu apenas o «bordado rico», e, é a este e aos seus pontos que julgamos ter ido o «bordado de Guimarães» procurar influências e inspiração.
O bordado que hoje se produz em Guimarães, mas também em Felgueiras é a evolução do bordado popular usado nos trajes rurais vimaranenses, desde pelo menos o final do século XIX início do século XX, e que por sua vez foi influenciado pelo bordado rico oitocentista. Atualmente o bordado de Guimarães, tem características bem evidentes e diferenciadoras – nos materiais (suporte e linha), nos motivos, na gama de pontos utilizados, nas cores usadas isoladamente (branco, bege, azul, vermelho e cinzento), na perfeição do desenho e da execução – e um mercado seguro que se pretende venha a ser alargado.




"A Oficina, CIPRL, entidade promotora de certificação do Bordado de Guimarães, apresentou ao INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, em 03 de Abril de 2006, o pedido de Registo da Indicação Geográfica “Bordado de Guimarães”, pedido esse que foi publicado no Boletim da Propriedade Industrial em Maio de 2006. Trata-se de uma marca composta de símbolo e denominação, cujo manual de identidade gráfica foi igualmente remetido ao INPI."

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Informação retirada do Caderno de especificações (Bordado de Guimarães)
Fernandes, Isabel Maria - Bordado de Guimarães renovar a tradição, Campo das Letras,Guimarães 



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