Barrete Símbolo da República


No inicio todos os barretes eram pretos ou cinzento-escuro, distanciando-se do grupo social ou região do país. Atualmente se passarmos pelas praias da Nazaré ou da Póvoa do Varzim podemos encontra-los entre os pescadores ou até mesmo na região saloia.
Os barretes podem ser agrupados em dois grupos de cores os verdes e vermelhos e os pretos. Os primeiros eram usados pelos campinos do Ribatejo e pelos forcados, por sua vez os segundos eram usados pelos trabalhadores rurais e piscatório em toda a Beira Litoral, além de servirem de agasalho, também eram utilizados como algibeira para guardar o tabaco, fósforos e dinheiro, guardando os objetos no fundo do forro para não apanharem humidade sendo desta forma justificado o cumprimento.
Nos finais do século XIX e inícios do século XX, o traje tradicional apresenta algumas permeabilidades às modas e a também a outros interesses que o levam a fazer algumas modificações. Muitas dessas alterações não estão exclusivamente relacionadas com as influências da moda mas estão relacionadas com fins de propaganda turística e política, exemplos disso ocorreram em grande medida durante o período do Estado Novo.
Faz cento e um anos que foi instaurado em Portugal o regime republicano. O Ribatejo era uma das regiões de maior implantação política dos republicanos da altura. Foi um ribatejano de nome José Relvas, que hasteou a bandeira do novo regime nos Paços do Concelho, em Lisboa.
A bandeira que foi hasteada pertencia a um pequeno grupo político, o Centro Democrático Federal, a bandeira como a conhecemos só mais tarde viria a ser concebida e aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte no ano seguinte.
Foto: M&S 
“A Liberdade guiando o Povo” de Eugène Delacroix Museu do Louvre

A Liberdade guiando o Povo” de Eugène Delacroix, foi uma fonte de inspiração para os republicanos que criaram uma figura alegórica para representar a República, à semelhança do que fizeram os franceses à sua Marianne. O modelo escolhido foi uma jovem alentejana de Arraiolos que vivia em Lisboa, Ilda Pulga. E, à semelhança do que os franceses fizeram com a Marianne, colocaram-lhe também sobre a cabeça um barrete frígio ou também conhecido como barrete da liberdade, um dos símbolos do regime republicano.
Ilda Pulga, Rosto da República

Por ter sido primitivamente usado pelos habitantes da Frígia o barrete ficou assim designado A Frígia constituía uma região da Ásia Menor, onde atualmente se encontra a Turquia. Os republicanos franceses adotaram-no, sob a cor vermelha, simbolizando a liberdade. Também os republicanos portugueses viram certamente no barrete do campino ribatejano uma identificação de barrete frígio, genuinamente português, podendo ser-lhe introduzidas as cores da República.
Com a divulgação do folclore em especial na altura do Estado Novo, a ideia do barrete verde enraizou-se nos costumes ribatejanos e tornou-se uma peça considerada genuína do traje do campino.
Existe em Portugal a única fábrica a nível mundial onde são fabricados barretes de campinos ribatejanos de cor verde e vermelha, das sarnadas e dos pescadores da Nazaré de cor preta, esta localizada no Parque Industrial do Safrujo, em Castanheira de Pera.




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